quarta-feira, 22 de julho de 2009

Parentesis à leitura


A verdade é que, agora que me sento para te escrever, reparo - mas sem nenhum espanto nem estranheza - que não preciso de inventar nada: lembro-me de tudo, exactamente de tudo, hora por hora, quase cada olhar nosso, cada gesto, cada sorriso, cada amuo. Sim, às vezes acontece-me esta coisa curiosa, quando olho para trás através dos anos: lembrar-me de todos os detalhes - até daqueles que na altura achei que não teriam nenhuma importância nem significado - e todavia ser incapaz de situar o tempo exacto em que vivi as coisas. Como se continuasse para sempre a viver, ou como se nunca as tivesse vivido.

Retirado do livro "No Teu Deserto" de Miguel Sousa Tavares.



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Já tinha lido a parte técnica desta viagem pelo deserto argelino rumo a Tamanrasset no livro "Sul - Viagens" do mesmo autor, agora vem a parte mais pessoal através deste "quase romance" que promete...

1 comentário:

Anónimo disse...

entrei num hiper... secção de livros...
abri este e as lágrimas quiseram saltar-me pelos olhos.
o Deserto... o Deserto...
será uma próxima leitura!

bjs