sábado, 30 de janeiro de 2010

Mobilità italiana


Cada vez mais quando penso em ferias penso em semanas passadas fora, quer como foi nos Estados Unidos, quer como será nas viagens que planeio fazer, umas já outras lá mais para a frente – até uma volta ao mundo, por isso, quando me perguntaram no inicio deste ano onde seriam as próximas ferias só me ocorreu responder que seriam na Austrália na mesma altura e mais ou menos nos mesmos moldes da viagem costa-a-costa (e se nada de anormal acontecer), sem pensar nestes cinco dias que estavam planeados desde o final do ano passado a Itália.
Itália para mim sempre foi sonhado visitar de 4L ou de Panda para ser mais apropriado, um mês ou qualquer coisa do género, em pleno Verão, mas convencido fui que estes cinco dias em Itália aproveitando uma promoção de baixo custo no voo, iriam ser calminhos e mesmo sendo de Inverno dariam para conhecer um pouco do norte do país. Claro está que esta foi a minha primeira vez em Itália.
Primeiro a dificuldade da comunicação já que poucas pessoas falam inglês. É certo que o italiano também provem do latim, o que dá uma serie de palavras parecidas, ainda assim tornou-se um pouco difícil. O “ciao” que sempre pensei que seria para dizer adeus, afinal é para dar um “olá”; o “arriverdeci” não tem que enganar e segundo entendi é também utilizado para um “até logo” ou “até amanhã”; depois todas as outras que são iguais…
A alimentação é muito boa. Experimentei quase tudo, as pizzas, as lasagnas, as massas, etc., etc., e só não gostei de um tagllatelli al pesto. Os vinhos não eram maus, pelo menos os que eu provei e escolhendo bem encontram-se restaurantes em conta. Os serviços de restauração são pagos adicionalmente ao preço de tabela – a menos que nos sirvamos ao balcão; já tinha ouvido isso há uns anos mas achava que com esta história da União Europeia tivesse terminado.
Os alojamentos não são muito caros, encontram-se quartos bem localizados e asseados por cerca de 50 euros; é possível encontrar coisas mais em conta embora mais afastados do centro. A opção foi sempre a centralidade.
Os transportes utilizados foram o comboio e o autocarro. Os comboios são velhinhos mas andam bem. A dica é pedir bilhete regional que fica a cerca de metade do preço e pouco mais demora que o intercitá. Não me lembro de ver os TGV’s da rede europeia de alta velocidade tão falada por cá. O autocarro que nos leva do aeroporto para Milão fica por 8-9 euros (existem promoções do tipo: pague dois leve três) mas é mais caro que o comboio que fica 2,70 euros (apenas tem que se apanhar em Bergamo). Dentro das cidades têm bilhetes giornaleros em conta e dão para todos os tipos de transporte, metro, autocarro, eléctrico, ascensor, assim os haja.
MILÃO:
As expectativas eram baixas já que as pessoas que me tinham falado todas diziam que só tinha prédios e nada de muito interessante a ver para alem das galerias. Eu gostei das galerias, da Duomo (catedral) – que se encontra em alta desde que uma réplica foi atirada à cara do primeiro-ministro italiano há um mês atrás – e, ali bem perto, onde se encontra patente uma exposição de Steve Mc Curry, um sítio bem interessante onde tem umas arcadas que à noite têm um jogo de luzes bom para umas fotografias. O Castelo Sforzesco merece uma visita com vários espaços onde decorrem exposições simultâneas bem como outros sítios mais retirados do centro e que foram visitados graças ao bilhete bigiornalero que deu para andar dentro dos limites urbanos durante 48 h e por 5,50 euros.
Por ultimo, uma visita ao Estádio Giuseppe Meaza em S. Siro onde se preparava o derby do dia seguinte entre o Inter treinado pelo nosso José Mourinho e o Milão. Ofereceram-me um bilhete por 135 euros mas não ia ficar na cidade para a hora do jogo. Dois-zero foi o resultado final, tendo o Inter apesar da vitória terminado a partida com menos dois jogadores.
GENOVA:
Surpreendeu-me.
Desviei para ali antes de partir de Milão e passadas duas horas e meia de comboio que atravessou muita neve, cheguei à estação Porta Principe em Genova. O edifício está um bocadinho mal tratado mas fica no centro, perto do porto. Foi para lá que me desloquei à procura de um alojamento que tinha visto na Internet. Era um alojamento bed-and-breakfast que é muito usual naquela parte da cidade mas pelo que percebi só funciona por marcação já que se trata de um apartamento que é alugado a várias pessoas. Sendo assim, acabei por ficar num hotel perto da estação onde paguei 50 euros por noite em quarto single com pequeno-almoço incluído.
A Sr.ª do hotel deu-me um mapa e umas direcções para ver o que mais interessante tem a cidade, indicando-me também que deveria jantar ali perto e não no centro porque tinha restaurantes mais em conta.
Arquitectonicamente, Genova tem muitos edifícios para ver, desde palácios, igrejas, capelas, etc. Alguns dos palácios podem ser visitados já que são museus actualmente, como foi o caso do Palacio Ducal que visitei logo na manhã seguinte e o Palacio Real que ficou para a parte da tarde. No Palacio Ducal pude visitar duas exposições, uma do Henry Cartier-Bresson com fotografias tiradas na década de 50 do século XX na Rússia e, outra de Otto Hauffman, uma das referencias da Bauhaus. No Palacio Real a visita já consiste em ver a residência de ferias dos reis da Itália reunificada do sec. XIX, visita essa que é mais curta e a metade do preço porque o 2º piano encontra-se em obras. O castelo, o farol e mais uma série de igrejas também foram alvo da minha visita. Convém não visitar as igrejas ao domingo de manhã já que estão a decorrer missas em todas elas e a visita está limitada. O aquário é um ponto de referência na cidade mas apesar de ter passado lá duas vezes não entrei.
Jantei nos dois dias no restaurante “Da Mario” que ficava na rua por trás do hotel e que era onde tinha inicio uma rua interior e paralela à marginal e que depois se ia desdobrando, fazendo parte de uma zona étnica com várias culturas metidas naquelas ruas estreitas e com prédios altos e que se reflectem nos muitos estabelecimentos comerciais diversos que ali existem, quer sejam restaurantes, mercearias, lojas de souvenirs, cafés, bares, etc., etc., etc., de africanos, asiáticos, muçulmanos …
Sem duvida Genova fica na minha lista de cidades a visitar novamente. Gostei bem, apesar de eles continuarem com aquela ideia de que o Colombo é deles!
BERGAMO:
É a única cidade no norte que está dividida em cidade alta (zona histórica) e cidade baixa; foi para a Citá Alta que me dirigi assim que cheguei ao final da manhã do meu ultimo dia em Itália e depois de comprar um passe de transportes públicos por 3,50 euros que me permitiria andar o dia todo nos transportes públicos e ainda fazer a viagem para o aeroporto.
Já na subida comecei a pensar que deveria ter almoçado cá em baixo já que deveria ser mais em conta do que lá em cima mas enganei-me já que consegui encontrar um estabelecimento que servia umas pizzas muito boas e não muito caras. Os restaurantes tinham preços quase proibitivos para quem viaja com low budget. Dei uma volta lá por cima e ainda subi no teleférico até S. Virgilio para ver o castelo no meio de uma zona residencial que me fez lembrar o Bom Jesus em Braga. Apanhei o segundo teleférico para a parte baixa da cidade não sem antes beber um Campari soda no bar do teleférico com uma excelente vista sobre a cidade.
Passei o resto da tarde na cidade cá em baixo que não é tão interessante e tem pouco para ver – Porta Nova e pouco mais.

São estas as minhas impressões destes cinco dias passados em Itália. Regressarei um dia com mais tempo e visitarei também outras cidades, quiçá aí ao volante de um Fiat 600. Por agora outros sítios se seguirão.
A fotografia é dos pacotes de açúcar que fui recolhendo lá para colecção da minha Mãe; as outras aparecerão nos próximos dias.

Música: Save Room – John Legend.