quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Bairro português?

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Estava a planear o último dia em terras australianas quando Mike, excelente companhia e óptimo conversador, disparou: “queres ir almoçar ao bairro português?”. “Vamos a isso”, concordei. E então seguimos de automóvel, durante cerca de meia hora, até que chegámos a uma rua onde os letreiros das casas comerciais eram ininteligíveis para Mike. “Restaurante O Pescador”. “Hoje há caldeirada de peixe”. “Prato do dia: sardinhas pequenas com arroz de tomate”. Um pequeno pedaço de Sydney onde quase tudo estava escrito em português. Não consegui controlar um rasgado sorriso. “Pareces feliz”, disse Mike. “Claro, estou uma rua portuguesa nos antípodas do meu país”, retorqui.

Entramos num restaurante cujos clientes eram, evidentemente, todos portugueses. Uma dobrada bem preparada, um café bem tirado e um aceitável pastel de nata selaram a passagem por aquela comunidade lusitana além fronteiras. Uma excelente forma de terminar mais uma fase desta odisseia, a lembrar o bem que sabe um esporádico sabor a casa quando se viaja mundo afora.
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Retirado do livro "Alma de Viajante" de Filipe Morato Gomes

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